Ela respirou fundo e tentou se convencer de que aquilo era o certo. Havia ensaiado essa conversa durante dias, e ao ver que aquilo estava prestes a acontecer, sentiu uma lágrima oscilar nos seus olhos e por fim alojar-se no canto da boca, onde involuntariamente foi seca por um lenço.
Tanto havia mudado, e no entanto o sentimento que a tomara no primeiro encontro insistia em existir. O ar quente e húmido daquela tarde podia ser sentido por ela, mesmo que dentro daquele café, onde o ar condicionado estava ligado.
Por poucos instantes ela fechou os olhos e começou a se lembrar de um gostoso passado e planos para um futuro, que até então não estava muito distante.O barulho advindo da mesa ao lado a fez ''acordar'' e corar.
''Mas eu tenho que fazer isso!'' Ela pensou. Seu nervosismo era evidente e ansiedade presente em seus olhos, deu margem de pensamento para o garçom.
Então ela o viu! Dois anos e nada nele mudara. Suas feições eram as mesmas, mas agora de um homem mais maduro, o tempo não passara em nada para ele, e ao vê-lo vindo em sua direção com um sorriso falso de garoto, a sensação de impotência que a tomou foi grande.
Ele puxou uma cadeira e sentou-se em silêncio. Começaram a se encarar, não de um jeito retórico, mas com ternura. Ternura aquela que o fez apaixonar-se perdidamente pela mesma mulher que se encontrava a sua frente. Ele a amará, mas como ela, ele também sentia que esse sonho havia terminado.
Ambos não eram muito bons com as palavras e por minutos o silêncio era cortante. Até que ela iniciou ''Terminamos por aqui''. Mesmo insegura as palavras soaram convincentes.
Ele entendeu o recado e nada disse, só a observava e perguntava-se como conseguiu perde-lá, aquela que sempre fora a pessoa mais perfeita, a mulher que o fizera feliz ... e a única coisa q conseguiu pronunciar foi: ''Vai um café?''
Ela o encarou com surpresa, levantou-se e saiu. Do lado de fora respirou fundo e pensou ''É ele já não era o mesmo'', nesse momento foi invadida por vários sentimentos: alívio, liberdade, tristeza. Mas tinha também o sentimento de dever cumprido.
Seguiu em direção à outra calçada, aberta a novas possibilidades...
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